Microsoft cada vez mais perto do open source

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Nos últimos anos a Microsoft está se aproximando do open source (software de código aberto, não sendo necessariamente software livre). Mas qual seria a real intenção da dona do Windows? O artigo a seguir busca, analisando um pouco da história da Microsoft, tentar entender qual o motivo da aproximação desta gigante com o “mundo” do open source.

Microsoft e sua política

A Microsoft foi fundada em 1975 por Bill Gates e Paul Allen. A partir dos anos 80 tornou-se a maior empresa de software do mundo, muito por causa da visão empreendedora (e muitas vezes predadora) de Gates. Além da ótima visão de negócios, nos primórdios Gates também colocava a mão na massa na criação dos softwares da empresa e, aliando a técnica com a visão de negócios, a Microsoft se tornou gigante, mesmo após o afastamento de Allen.
E nos anos seguintes continuou crescendo com o lançamento de softwares que passaram a ser necessários aos computadores, como o Windows e MS Office. Mesmo atualmente, com inúmeros serviços disponíveis na web, aplicativos de celular e softwares similares, muitos usuários só conseguem utilizar o Windows e o MS Office. Isto acontece muito pela política da empresa que, principalmente nos anos 90 e 2000, conseguiu embarcar seus produtos nos computadores pessoais. Praticamente todos os computadores lançados já vinham (e ainda vêm) com uma versão do Windows e MS Office. Sendo assim, a grande maioria dos usuários aprendeu a mexer num computador utilizando os softwares da Microsoft e até hoje é difícil que o usuário tenha disposição em utilizar outro software que não aquele em que ele foi treinado. A exceção são os usuários avançados e os curiosos que procuram e descobrem o mundo que há fora do Windows. Mas ainda são poucos, se comparados aos usuários do Windows. Esta política da Microsoft já trouxe muito problemas à empresa (inclusive afastando Gates da presidência), mas trouxe muito mais benefícios.
Nos últimos anos têm-se aumentado o número de softwares alternativos (de código aberto ou não), e mesmo que estes softwares ainda não consigam competir (em quantidade de usuários), isto um dia pode vir a causar algum problema para a gigante Microsoft. Para chegar onde chegou Gates e sua turma nunca dormiram no ponto e a Microsoft sempre se aproximou dos possíveis concorrentes, e agindo de diversas maneiras conseguiu vencê-los. O “mundo” do open source observa nos últimos anos a aproximação da gigante, como na aquisição do GitHub, ou utilização do motor do Chromium no navegador Edge. Será que a Microsoft se rendeu ao open source? Ou será que (mais uma vez) ela vai agir predatoriamente para tentar atropelar o open source
Se analisarmos apenas pelo histórico da empresa, podemos dizer que a segunda opção seria a correta. Vejamos…

IBM e Microsoft DOS

Nos anos 70 e 80 a IBM era a grande empresa do ramos de computadores. Em 1979 ela precisava de um sistema operacional para colocar em seu computador e contratou a Microsoft desenvolver o mesmo. Gates e Allen não tinham o tal sistema, mas conheciam quem tinha. A Microsoft comprou o Q-DOS da Seattle Computer Products (que estava mal das pernas) por 50 mil dólares, melhoraram e lançaram como MS-DOS. O “pulo do gato” veio em seguida: A idéia da IBM era de adquirir o sistema, porém, a Microsoft fez com que a IBM pagasse licença para cada computador que tivesse o sistema instalado nele, um modelo de negócio que funciona até hoje. Dona do código fonte a Microsoft negociou o sistema com outras empresas, o que alavancou as vendas da empresa e permitiu que várias outras empresas utilizassem o modelo IBM/PC, criado pela IBM. Enquanto as outras empresas eram fabricante de hardware, a Microsoft criava o sistema que fazia este hardware funcionar.
Posteriormente a IBM tentou emplacar seu próprio sistema, o OS/2, mas o MS-DOS já havia conquistado o mercado.

O “plágio” do Macintosh

O MS-DOS fez sucesso, mas havia algo que estava chamando mais atenção naquele momento. Era o Apple Lisa, da Apple de Steve Jobs. O diferencial do sistema de Jobs era o uso do mouse e uma interface gráfica - baseado na ideia de interface gráfica criada pela Xerox Park, enquanto o MS-DOS era um sistema modo texto. Gates pediu a Jobs para participar do projeto e conseguiu. Tentou, sem sucesso, convencer Jobs a licenciar o sistema, mas a idéia de Jobs não era vender software, mas vender computadores completos com hardware potente, sendo o software apenas uma parte do computador. A Apple contratou ex-funcionários da Xerox mesma para desenvolver algo parecido com o que a Xerox tinha feito e chegou no Apple Lisa. Aí veio o segundo “pulo do gato”: Gates fez a mesma coisa, contratou ex-funcionários da Xerox e chegou na primeira versão do Windows. Tal ação de Gates culminou num processo da Apple sobre Microsoft alegando plágio. Posteriormente a Microsoft saiu-se vencedora no processo. A Apple lançou o Macintosh, com sistema exclusivo com interface gráfica para seu hardware. A Microsoft tornou o Windows popular no padrão IBM/PC que possuía computadores mais baratos - e com menos capacidade - que o Macintosh.

Guerra

Pouco antes da metade dos anos 90 a internet começou a ficar mais atrativa para os usuários, deixando conter apenas páginas com textos. O responsável por isto foi o Netscape Navigator, da empresa Netscape, que permitiu a exibição de multimídia. O Netscape rapidamente ficou popular e a Microsoft, já dominando o mercado mundial de sistemas operacionais, percebeu que aquilo poderia ser uma ameaça. Gates e sua trupe tentaram um algum acordo, ou mesmo a compra de parte da Netscape. Não houve acordo e a Microsoft, para não correr riscos, se viu obrigada a encontrar uma solução, o que deu origem ao Internet Explorer 1.0.
Com a dificuldade de tomar o mercado de internet da Netscape veio o terceiro “pulo do gato”: A Microsoft incluiu o Internet Explorer (IE) em seus sistemas operacionais. Lançou o Windows 95, com uma grandiosa campanha publicitária, e com o IE vindo como um “plus”. No Windows 98 nem era possível a sua desinstalação. Ninguém queria ter o trabalho de instalar o Netscape, já que o sistema operacional já vinha com um navegador embutido. Tais ações fizeram com que a popularidade do Internet Explorer disparasse, e consequentemente a do Netscape despencasse até ser ultrapassado em 1999.
Mas a atitude da Microsoft não ficou de graça. A Netscape processou a gigante por competição desigual e foi vencedora do processo. Posteriormente a decisão foi revogada, mas gates, (talvez) pelo desgaste, deixou a presidência da empresa.

Pós guerra

Após a vitória o Internet Explorer reinou por um bom tempo, e ficou 5 anos parado na versão 6. Neste intervalo, em 2002, o Mozilla Firefox - baseado no código do Netscape - foi lançado, e obteve grande aceitação de usuários, e foi o início do declínio do IE, que se manteve na liderança por vir instalado nos sistemas. Na versão 7 a Microsoft adotou o sistema de abas, um dos diferenciais do Firefox. Porém, os usuários já não estavam contentes com o IE devido à algumas questões, como segurança. O Google Chrome foi lançado em 2008 e, junto com o Firefox, “derrubou” o IE, que lançou versões até a 11, em 2017.
Para tentar tomar o posto novamente, a Microsoft lança o Microsoft Edge em 2015 e este torna-se o navegador padrão do Windows 10. O Edge não emplaca e o Google Chrome continua liderando entre os navegadores web.

Microsoft Edge com motor do Chromium

Como o Edge não deslanchou, coube à empresa mais uma tentativa de voltar ao mercado de navegadores. E a saída encontrada foi no open source, utilizando o código do Chromium do Google Chrome, como já comentei aqui na matéria Microsoft Edge agora é baseado no Chromium.

Compra do GitHub

  1. Em 2018 a Microsoft anuncia a compra do GitHub, uma plataforma de hospedagem de códigos fontes (open source ou não), com controle de versão. Nesta plataforma usuários cadastrados podem contribuir com projetos (códigos, documentação, tradução).

A plataforma até então era amplamente utilizada pela comunidade open source e esta aquisição causou desconfiança de vários desenvolvedores.

O que podemos esperar?

Nos últimos anos a Microsoft tem se tornado uma das maiores contribuidoras do open source e está entre as maiores contribuidoras do Kernel Linux, inclusive trazendo o Kernel Linux para dentro do Windows 10. Várias de suas ferramentas atualmente são open source e algumas ferramentas conhecidas tiveram seu código disponibilizado no GitHub, casos da calculadora e do antigo gerenciador de arquivos do Windows 3.0 ao ME.
A compra do GitHub permitiu uma maior aproximação com a comunidade, que um futuro próximo pode melhorar a visão dela em relação à empresa. Com uma boa relação entre a comunidade de open source e a empresa, várias parcerias podem surgir, melhorando a qualidade dos softwares e diminuindo o tempo de produção dos mesmos, o que é vantajoso para uma empresa que sobrevive de venda de softwares. Este pode ser o novo pulo do gato da gigante mas, pelo histórico da empresa, podemos esperar qualquer outro interesse nesta aproximação, e só o tempo realmente nos trará a resposta.

Referências

https://www.hardware.com.br/artigos…
https://www.tecmundo.com.br/video…
https://www.tecmundo.com.br/bill-gates…
https://www.infoescola.com/info…
https://www.tecmundo.com.br/web…
https://valeria20noticiaspelomundo.wordpress.com…
https://www.treinaweb.com.br/blog/microsoft…
https://olhardigital.com.br/noticia/…
https://www.codigofonte.com.br/noticias…
https://codigofonte.com.br/noticias…
https://www.baboo.com.br/windows…